segunda-feira, 25 de abril de 2022

Oscar Grau (conclusão)

Com subtítulos extraídos do manuscrito de Elsa Grau Lippold

De diversos cantos ele fez a música.

Fez uma valsa para o centenário de  Santa Maria.

A produção de Oscar Grau como compositor não se restringiu à marcha 28 de Março cuja partitura pertence ao acervo de seu neto, o Prof. Eros Roberto Grau. Supostamente, a marcha 28 de Março se referia ao jornal com esse nome do Clube Caixeiral Santa-Mariense, que remete à data da solene instalação de sua primeira sede, em 28 de março de 1886.

Pautas iniciais da Marcha 28 de Março
 Elsa conta que seu pai compôs a música para diversas canções do coral estudantil que ele organizara e do qual era regente, além de “uma valsa para o Centenário de Santa Maria”, em 1914. Creio que houve um equívoco: Oscar Grau compôs um hino para Santa Maria, no ano de seu centenário. Na verdade, o “falso centenário”, porque a cidade comemorou intensamente, em 1914, os 100 anos da abertura do Livro Tombo da matriz católica, no qual o primeiro pároco transcreveu a provisão que elevou Santa Maria a Capela Curada, em 21.1.1814. 

Tal ato não constituiu a fundação da cidade que, de fato, ocorrera pouco mais de 16 anos antes, em outubro ou novembro de 1797, com a instalação do acampamento da comissão portuguesa dos demarcadores de limites entre terras de Portugal e Espanha. Esse acampamento, no local onde hoje está a Praça Saldanha Marinho, gerou a povoação e deve ser considerado como fundação de Santa Maria.

O Hino de Santa Maria, composto por Oscar Grau, foi apresentado por um coral de estudantes, no descerramento de placa em homenagem “aos gloriosos fundadores”, referindo-se aos agentes da elevação a Capela Curada.
 

A placa (foto) foi afixada na fachada da torre sul da catedral onde ainda se encontra, pondo à vista pública, há 108 anos, um erro histórico.

O descerramento da placa foi noticiado pelo jornal A Federação, de Porto Alegre, na edição de 26.5.1914, página 8. O Diário do Interior, de Santa Maria, em notícia de 16.5.1914, revela que os estudantes locais estavam sendo ensaiados por Oscar Grau para cantarem o Hino Rio-Grandense, em desfile. Ambos os eventos foram parte do programa comemorativo do “falso centenário de fundação”.

Citei a atuação de Oscar Grau como regente em Os Cassel de Santa Maria..., p. 114, quando, nas comemorações do Dia da Independência, em 7.9.1916, ele regeu uma orquestra e um coral de estudantes do Colégio Elementar. Ele também era o regente de uma orquestra que se apresentava no Café Guarany, em frente à Praça Saldanha Marinho.

Trabalhou até poucos dias antes de falecer

O Professor Oscar Grau trabalhava intensamente. Além de sua atividade como professor de Música, maestro, técnico em pianos e pianista nas sessões de cinema mudo, era ativo integrante das associações locais de matriz cultural alemã: Deutscher Männergesangverein ‘Teutonia’, Turnverein Jahn e Lieder Kranz (Associação de Canto) fundada em1903. Essa talvez tenha sido a primeira em que ele atuou, aos 24 anos, organizando seu pi­quenique. O local escolhido foi o bosque junto ao Vacacaí-Mirim, possivelmente na chácara de 60 hectares de Peter Brenner, que era usada também por outras socieda­des, com fácil transporte por trem, a 3 km da estação.

Foto de Oscar Grau na
EMEF que tem o seu nome

Oscar Grau faleceu no dia 12 de junho de 1929, em sua residência à Praça Júlio de Castilhos, hoje Av. N. S.ra das Dores. Tinha apenas 50 anos de idade.

Escola

Uma justa homenagem foi prestada ao músico, compositor e professor que tanto contribuiu para a cultura santa-mariense, nos âmbitos musical e social. Seu nome foi dado a um estabelecimento público de ensino, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Oscar Grau, na Rua Ivorá, sub-bairro Vila Schirmer. Foi construída em terreno de 1.440 m², composto de quatro lotes doados pelos irmãos Paulo e Carlos Cassel, sobrinhos de Elvira, esposa do Prof. Oscar Grau.

Em 6.11.2004, a EMEF Oscar Grau realizou um programa em homenagem ao seu patrono, nos 126 anos de seu nascimento, ocorridos um mês antes. Estiveram presentes os filhos do Patrono Walter, Carlos e Werner Grau, com suas esposas; as filhas Elsa Grau Lippold e Edith Grau Souza; e, com sua esposa, o neto Prof. Dr. Eros Roberto Grau, na época Ministro do Supremo Tribunal Federal.

Fontes:

Arquivo pessoal

Acervo do Prof. Eros Roberto Grau

Diário do Interior - ed. 16.5.1914 (Arquivo Hist. Mun. S.M.)

A Federação - ed. 26.5.1914

A Razão - ed. 6.11.2004

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