terça-feira, 4 de abril de 2017

Coronel Niederauer - 190 anos

Neste 4 de abril de 2017, celebramos os 190 anos do nascimento de João Niederauer Sobrinho – o Coronel Niederauer.
Seus pais Philipp Leonhard Niederauer e Anna Catharina Diehl Niederauer eram imigrantes naturais do Rheinhessen, região do então Grão-Ducado de Hessen-Darmstadt, no atual estado da Renânia-Palatinado. Junto com outros membros da família, haviam chegado à Colônia Alemã de São Leopoldo, em 15.1.1826. Em setembro, integraram a caravana de pioneiros da Colônia Alemã de Três Forquilhas, hoje Itati, 6 quilômetros ao noroeste de Terra de Areia.
Poucos meses depois, ali nasceu o primeiro filho do casal, que foi batizado Johannes, nome de seu padrinho e tio, por isso, na idade adulta passou a ser chamado João Niederauer Sobrinho.
 
Registro de batismo no livro da Comunidade Evangélica de Três Forquilhas.
A terra era fértil e as colheitas foram abundantes, porém, sem escoamento para sua produção agrícola, a família de Philipp Niederauer deixou então Três Forquilhas. Entre 1830-31, estabeleceu-se em Dois Irmãos, onde nasceu Maria Luíza, minha bisavó materna.
Em 1840, o casal com suas três filhas mudaram-se para Santa Maria; Johannes  ficou em São Leopoldo estudando e, depois, em Porto Alegre, trabalhando. Somente em 1844, com 17 anos, ele juntou-se à família, em Santa Maria. A pequena povoação tinha pouco mais que 2 mil habitantes e, desde 1830, atraía famílias de alemães das antigas colônias, numa corrente migratória que não cessou durante a Guerra dos Farrapos (1835-45).
Militar e político
No período antecedente da Guerra contra Oribe e Rosas, Niederauer apresentou-se como voluntário e foi nomeado alferes do 1º Esquadrão do Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional do distrito de Santa Maria. Tinha 23 anos.
Por sua participação naquela guerra, foi condecorado com a Medalha Campanha do Uruguai, em prata, com a efígie do Imperador d. Pedro II, que portava ao retornar, promovido a capitão (foto).
O jovem capitão Niederauer, 25 anos, então casou com sua prima Maria Catharina, em 21.9.1852, na pequena igreja católica situada no mesmo local onde, 70 anos depois, seria erguido um monumento em sua homenagem.
Em 1856, o colégio eleitoral da freguesia o escolheu como um dos eleitores provinciais incumbidos de eleger os deputados provinciais e gerais. O jovem capitão Niederauer, 29 anos, era um cidadão de prestígio em Santa Maria.
Voltou às lides militares, integrando o Exército de Observação (1857-58), estacionado em Alegrete, para vigiar a fronteira com os países platinos. Por essa razão não fez parte da 1ª Câmara Municipal, na instalação do novo município de Santa Maria, em 17.5.1958, emancipado de Cachoeira. 
Em 1860, quando tinha 33 anos, o governo imperial o promoveu a Tenente-Coronel. Foi eleito vereador da 2ª Câmara Municipal a qual presidiu por largos períodos.
Foi o mais votado para a 3ª Câmara Municipal, em 1864, o que lhe assegurava o cargo de presidente do legislativo e o poder executivo do município.
Mas não assumiu, pois, em nova incursão no Uruguai, comandou o 7º Corpo Provisório de Cavalaria, formado por santa-marienses, que tomou parte no cerco de Montevidéu.
Maria Catharina Niederauer aos 30 anos.
Detalhe de foto com seus 6 filhos, em fins de 1865.
Não voltou a Santa Maria, porque eclodira a Guerra da Tríplice Aliança, e o 7º Corpo marchou para o Paraguai sob o comando de Niederauer que, naquela campanha, enriqueceu com páginas de heroismo e bravura a História Militar Brasileira.
Em 18.5.1866, João Niederauer Sobrinho foi promovido a Coronel e nomeado Comandante Superior da Guarda Nacional de Santa Maria.
Reconhecido e admirado por seus superiores, estimado e respeitado por seus comandados, Niederauer recebeu as mais importantes ordens de mérito do Império: a Ordem da Rosa e a Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul.
Medalhas de prata das Campanhas do Uruguai (1852 e 1864). 
Ordem  da Rosa e Imperal Ordem do Cruzeiro do Sul. 

Depois de quatorze combates e duas batalhas, o Coronel Niederauer faleceu, com 41 anos, em 13.12.1868, após as vitórias no Combate de Villeta e na Batalha do Avaí. Foi sepultado no cemitério de Villeta, 50 quilômetros ao sul de Assunção, onde jamais seus restos foram identificados.
Homenagens
Rua
Oito anos depois, em 1876, a Rua Dois de Julho, no centro de Santa Maria foi denominada Rua Coronel Niederauer.
Monumento
Monumento, há mais de quatro anos
sem a coroa de acantos e louros.
Nas comemorações do centenário da Independência, foi inaugurado, em 10.9.1922, o monumento a Niederauer, em bronze e granito, na extremidade sul da Av. Rio Branco, de frente para a Praça Saldanha Marinho. Obra do escultor português Rodolfo Pinto Couto, a herma e os ornatos foram fundidos em Florença.  Os ornatos de bronze foram furtados, ao longo do tempo. Com a colaboração do Gen. Décio Schons, comandante da “Brigada Niederauer” (2009-11), foram produzidas réplicas, em latão fundido, no Arsenal do Exército, em General Câmara.

Em 2012, durante as obras de revitalização da Av. Rio Branco, valiosa realização do Prefeito Cezar Schirmer, o monumento foi elevado para lhe dar o merecido destaque.
Lamentavelmente, foi então furtada a coroa de folhas de acantos (honestidade e pureza) e louros (distinção, glória, vitória), que circunscrevia a inscrição “PÁTRIA, HONRA E VALOR”. O furto ocorreu em dezembro de 2012 e, passados mais de quatro anos, não foi reposta uma réplica do éreo ornato.
O mais antigo e mais valioso monumento público da cidade, em homenagem ao nosso maior herói
militar – o Coronel João Niederauer Sobrinho – permanece vandalizado. Oxalá possamos vê-lo completo, nos 95 anos do monumento, que ocorrerá em 10 de setembro próximo.
Vila Militar
No centenário da morte do herói, em 1968, o Exército prestou-lhe homenagem dando a denominação de Vila Militar Coronel Niederauer ao extenso conjunto residencial militar com cerca de sete hectares, em Santa Maria.
Pórtico da Vila Militar Coronel Niederauer, em Santa Maria.

Denominação e estandarte históricos pela
 Portaria Ministerial nº 164, de 18.3.1992.


Brigada Niederauer
Em 1992, a 6ª Brigada de Infantaria Blindada recebeu a denominação histórica de “Brigada Niederauer” e o respectivo estandarte histórico, resultado do eficiente trabalho do saudoso Cel. Mário José de Menezes, delegado local da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. 


Assim, o Exército prestou a devida homenagem à memória do heroico João Niederauer Sobrinho, personalidade maior da história militar regional.
A 6ª Brigada de Infantaria Blindada valorizou sua identidade, reverenciando dignamente nosso herói de guerra e ilustre cidadão. A denominação histórica é ostentada na fachada do seu quartel, patrimônio arquitetônico e referência marcante na paisagem urbana e na história da cidade, por isso merecedor de conservação e proteção por tombamento.
Quartel-General da 6ª Brigada de Infantaria Blindada - Brigada Niederauer".
O nome do patrono na fachada.


Programa comemorativo
O comandante da “Brigada Niederauer”, General Gionany Carrião de Freitas, programou vários eventos comemorativos, entre as quais, em 5 de abril, uma  solenidade cívica no monumento ao Cel. Niederauer, no centro de Santa Maria; no dia 6 de abril, no Quartel General da Brigada Niederauer, solenidade militar no pátio de formaturas e outras atividades.


A matéria desta postagem foi publicada na edição de hoje, 4.4.2017, no Diário de Santa Maria.

Um comentário:

Décio Schons disse...

Parabéns, Professor Brenner, pela autoria desse inspirado texto.
O nome do Cel Niederauer inscreve-se, sem sombra de dúvidas, no rol dos grandes heróis de nossa Pátria e como tal deve ser homenageado. Mais que isso, seus exemplos de desprendimento, liderança e bravura precisam ser do conhecimento das novas gerações.
Salve o Patrono da 6ª Brigada!