segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Maria Dorothea Schirmer Brenner

   O dia de hoje marca os 180 anos do nascimento de Maria Dorothea Schirmer, Brenner por casamento.
   Ela nasceu em Campo Bom, em 3 de agosto de 1835, filha do imigrante Philipp Jakob Schirmer, que chegara à Colônia Alemã de São Leopoldo, em 17 de fevereiro de 1827. Com 16 anos de idade, ele imigrara na companhia de seus pais Georg Schirmer e Katharina Elisabetha Heinz, e de seus irmãos mais novos Kasper, Jakob e Jakob Adam.
   A família Schirmer recebeu sua terra em Campo Bom, linha colonial de recente estabelecimento (1825). Era, possivelmente, o lote colonial de número 207. Philipp Jakob Schirmer, o filho mais velho, casou em 17.10.1829, com a jovem viúva Maria Katharina Böbion, 22 anos, natural de Niederlinxweiler/Sarre.
   Maria Dorothea foi a terceira dos nove filhos do casal. Na colônia de Campo Bom ela conheceu o jovem curtidor Peter Brenner também ali nascido, em 15.11.1831, dois anos após a imigração de seus pais. Casaram em 31 de julho de 1852.


Registro do casamento de Peter e Maria Dorothea, no livro da Comunidade Evangélica de Campo Bom, na antiga escrita cursiva alemã.
Transcrição:
1852
Juli – am 31ten Juli im Hause der Laborirer Peter Brenner, ehelicher Sohn des in Campo Bom verstorbenen Col.onist und Musicus Friedrich Karl Brenner und der Frau Margaretha, geboren Kunz,  geboren hinselbst, alt 22 Jahre, – copulirt mit Dorothea Schirmer von Campo Bom, ehel.iche Tochter des Col.onist u. Gerber Philipp Schirmer und der Frau Maria Katharina, geb.oren Böbian, alt 17 Jahre. Trauzeugen: Col.onist und Schuhmacher  Christian Spindler, der Labor.irer Karl Ludwig Habigzang und der Laborirer Jakob Schirmer.

Ou seja:
1952
Julho – em 31 de julho, na casa do operário Peter Brenner, filho legítimo do colono e músico Friedrich Karl Brenner, falecido em Campo Bom, e da esposa Margaretha, nascida Kunz, ali nascido, 22 anos de idade, – casou com Dorothea Schirmer, de Campo Bom, filha legítima do colono e curtidor Philipp Schirmer e da esposa Maria Katharina, nascida Böbian, 17 anos de idade. Testemunhas: Colono e calçadista Christian Spindler, o operário Karl Ludwig Habigzang e o operário Jakob Schirmer.

   A expressão Laborirer tem origem na palavra francesa laborier, conseqüente do domínio francês nos territórios germânicos a oeste do Reno, por 20 anos (1794-1814). Vários colonos eram citados como Laborirer, nos registros, significando trabalhador diarista, operário. Um autor traduziu como “laboratorista químico” como se os colonos daqueles primeiros tempos da colonização alemã pudessem ter essa formação.
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    Santa Maria
   Em 1856, Philipp Jakob Schirmer comprou uma grande área de terras – cerca de 260 hectares – em Santa Maria a leste da povoação, junto ao Rio Vacacaí-Mirim. Uma parte dessa área é hoje o sub-bairro denominado Vila Schirmer.
   No ano seguinte, a família mudou-se para a vila santa-mariense, então com pouco menos de 3.000 habitantes. Era um numeroso grupo familiar sob a liderança do patriarca Philipp Jakob, sua esposa, filhos, filhas, noras, genros e netos. Entre eles estavam Peter Brenner e Maria Dorothea com suas duas primeiras filhas.
Maria Dorothea e Peter Brenner. Recorte de uma foto do casal cercado por seus filhos, filhas, noras e genros, supostamente em 1895. É a única imagem conhecida de Maria Dorothea, que teria então 59-60 anos, enquanto Peter Brenner teria 63-64 anos.

   O casal teve 11 filhos. As duas primeiras crianças eram meninas e nasceram em Campo Bom. Quando a família mudou-se para Santa Maria, a primogênita tinha quatro anos, e a segunda filha um ano de idade:
Auguste Wilhelmine, n. 17.12.1853 em Campo Bom. Casou com Carlos Cassel. Em Santa Maria era chamada Guilhermina.
Maria Catharina, n.15.4.1856 em Campo Bom. Casou com Johann Holzschuh.

   Os demais nasceram em Santa Maria:
Pedro (Pedro Brenner Filho), n. 10.7.1858. Casou com Catharina Adamy.
Amália Henriqueta, n. 10.6.1860. Casou com Peter Falkenberg.
João Carlos, n. 27.5.1862. Casou com Bertha Elisabeth Grosskopf.
Luiz, n. 16.8.1864 –  f. com 15 anos, em 27.3.1880.
Felippe, n. 31.8.1866. Casou com Guilhermina Kümmel.
Francisco Pedro, n. 25.10.1868. Casou com Maria Luiza Druck Kümmel.
Pedro Balduino, n. 6.1.1871. Casou com Julia Carolina Bohrer  Weber (meus avós).
Frederico Guilherme, n. 18.1.1873. Casou com Maslvina Grosskopf
Henrique Albino, n. 9.3.1875. Casou com Julita Ottilia Goelzer.
Georg Leopold, n. 25.5.1877. Faleceu com 2 anos de idade, em 26.5.1879
Gertrudes, n. 7.2.1878 e faleceu criança.

   Maria Dorothea Schirmer Brenner viveu em sua casa, às margens do Vacacaí-Mirim até seu falecimento, em 3 de julho de 1901; faltavam 40 dias para ela completar 67 anos de idade. Foi sepultada no cemitério da Comunidade Evangélica Alemã de Santa Maria, da qual Peter Brenner fora um dos fundadores, em 1866.
Antiga casa de Peter Brenner, no estado em que se encontrava, quando a fotografei, em 1991. Fora construída na área de 54,6 hectares, junto ao Rio Vacacaí-Mirim, no atual Bairro Quilômetro Três. Quando a propriedade foi vendida à Compagnie Auxiliaire de Chemin de Fer au Brésil, em 1912, havia, além da casa, galpões, cercados, mangueiras, parreiral, árvores frutíferas, campo e mato. Em 1984, foi transmitida à Rede Ferroviária Federal S.A. Na época da foto, a casa e o grande terreno ao redor pertenciam a um antigo ferroviário que obtivera licença para ali residir e, mais tarde, adquiriu a casa e o terreno por usucapião.
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Fontes:
Arquivo pessoal.
BRENNER, José Antonio. Os primórdios da Comunidade Evangélica alemã de Santa Maria, Revista do Inst. Histórico e Geográfico de Santa Maria, nº 6, 1999.
Livro de Casamentos da Comunidade Evangélica de Campio Bom.

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