Feira do Livro de Santa Maria/2014 Patrimônio
cultural da cidade
Uma história de 52 anos
A
Feira do Livro de Santa Maria, em sua 41ª edição, foi aberta no dia 26 de abril, sábado, na Praça Saldanha Marinho, e foi encerrada em 11 de maio, domingo, mostrando, mais uma vez, a qualidade da Comissão Organizadora e equipe de trabalho, nesta edição sob a diligente coordenação geral da Secr. de Cultura Marília Chartune Teixeira.
É a maior feira literária do interior do Rio Grande do Sul, que, a cada
ano, cresce em importância, qualidade e dimensão.
Primeira edição – 1962
O evento teve sua primeira edição em 1962,
organizado pelo governo municipal, com a chancela da Câmara Brasileira do
Livro-Seção RS, consequente da iniciativa do vereador Sivo Duprat Barreto.
Trecho de notícia, em A Razão, 8.5.1962 Pelotas realizara sua 1ª Feira, em 1960. |
A comissão organizadora, presidida pelo
prefeito Miguel Sevi Viero, era composta por Sivo Barreto, prof. Jaime
Shmulerg, ver. Hélio Helbert dos Santos, Secr. de Administração Fernando Adão Schmidt e Pedro Freire Jr., então atuando no Teatro Universitário e
Teatro de Arena.
A Prefeitura instalou treze estandes, na
Praça Saldanha Marinho, destinados às livrarias locais Comercial, do Globo e
Evangélica, e às editoras e livrarias José Olympio, Francisco Alves, Globo,
Nacional, Delta, Brasiliense, Labor, Leonardo da Vinci, Flamboyant, Sulina e Baibich.
O prefeito Miguel Sevi Viero abre a 1ª Feira do Livro de Santa Maria, em 25.5.1962, anunciada em manchete, no dia seguinte. À direita, a primeira-dama, Eugenia Viero, e o ex-prefeito Vidal Dania. |
A abertura, programada para 17 de maio, como
principal comemoração do 104º aniversário de emancipação política da cidade, foi
adiada para o dia 25, quando o prefeito Miguel Viero descerrou a fita simbólica
da Primeira Feira do Livro de Santa Maria.
O rosariense Sivo Barreto, formado em
1928, pela Faculdade Livre de Direito de
Porto Alegre, hoje da UFRGS, iniciou sua vida profissional e política em
Cacequi. Mudou-se para Santa Maria, onde foi eleito suplente de vereador, em
1955, e assumiu o mandato no ano seguinte, sendo eleito vereador para a
legislatura 1960-63.
Desde 1959, insistentemente defendeu, na
tribuna da Câmara, com sua conhecida eloquência, a criação de uma feira do
livro em Santa Maria. Como resultado
de sua persistência, a primeira Feira do Livro de Santa Maria foi organizada em
1962.
O idealizador e obstinado batalhador para a
realização desse primeiro evento literário, em nossa cidade, e membro de sua organização foi
escolhido orador na solenidade de abertura da I Feira do Livro em Santa
Maria. Lembrou em seu discurso que, “se ouvida fosse sua pregação, desde o
início, Santa Maria, que se mostrara pioneira interiorana em tantos
empreendimentos de ordem cultural, o teria sido também na Feira do Livro.”
Dr. Sivo Duprat Barreto, quando eleito vereador, em 1959. |
Se houvesse, então, o patronato do evento,
certamente Sivo Duprat Barreto teria sido o Patrono da I Feira do Livro de
Santa Maria. Seu nome deve ser lembrado e uma homenagem lhe é devida.
A II Feira do Livro de Santa Maria, em maio
de 1963, foi aberta pelo governador Ildo Meneghetti. Em dezembro daquele ano, o
prefeito Miguel Sevi Viero promulgou a Lei nº 1133, aprovada pela Câmara de
Vereadores, que oficializava a Feira do Livro de Santa Maria. Mas nos anos de 1964 e seguintes a Feira não se
realizou certamente devido ao estado de exceção, entretanto, em 1967, houve a
Feira Internacional do Livro, promovida pela UFSM.
1º Patrono: Felippe D’Oliveira
Herma de Felippe D'Oliveira. Assinatura de Victor Brecheret, no lado direito da escultura. |
A III Feira
do Livro de Santa Maria foi aberta em 27.4.1968, quando o evento teve sua
primeira sessão de autógrafos e seu primeiro patrono.
Essa homenagem foi prestada ao santa-mariense Felippe Daudt de Oliveira, poeta, jornalista, farmacêutico, empresário, esportista e escritor, nascido em 23.8.1890.
Tendo se envolvido na Revolução Constitucionalista de 1932, exilou-se na França, onde faleceu aos 42 anos, em acidente de carro.
Essa homenagem foi prestada ao santa-mariense Felippe Daudt de Oliveira, poeta, jornalista, farmacêutico, empresário, esportista e escritor, nascido em 23.8.1890.
Tendo se envolvido na Revolução Constitucionalista de 1932, exilou-se na França, onde faleceu aos 42 anos, em acidente de carro.
Foi homenageado com a denominação de ruas em Santa Maria, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, onde também deu nome a uma escola estadual de 1º grau. É patrono da cadeira 37 da Academia Rio-Grandense de Letras e do
Concurso Literário Felippe D’Oliveira,
realizado em Santa Maria, por 36 edições.
Na Praça Saldanha Marinho, em Santa Maria, onde se realizam as feiras do livro, foi erguida a herma de Felippe D'Oliveira, uma valiosa obra
do escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret, um dos mais importantes do país,
introdutor do modernismo na escultura brasileira.
A herma de Felippe D'Oliveira, 1º patrono de Feira do Livro de Santa Maria, jaz ignorada em um canteiro da Praça Saldanha Marinho. |
As retomadas
Nos quatro anos seguintes, a Feira não se realizou
e somente foi retomada em 1973, por louvável e valiosa iniciativa dos
estudantes do Curso de Comunicação Social da UFSM. Foi denominada, por três
edições, Feira Universitária do Livro. Seguiu então de forma contínua por 17
anos. Não sendo realizada nos anos 1990 e de 1992 a 94, foi novamente retomada,
em 1995, por promoção, junto aos seus alunos, da prof.ª Eugenia Mariano da
Rocha Barichello, sob cujo patronato foi realizada a edição de 2013.
1973 - I Feira Universitária do Livro. Ao fundo, o antigo edif. do Banrisul, demolido para dar lugar ao atual, inaugurado em 9.1.1983. [acervo DAG/UFSM] |
A Feira foi aberta em 2.10.1995, organizada
pela FACOS/UFSM, Editora/UFSM, Prefeitura, CESMA e SESI, que se uniram para consolidá-la
como um dos maiores acontecimentos culturais de Santa Maria. Houve sessões de
autógrafos de vários autores, entre eles Luiz Fernando Veríssimo, Prado Veppo,
Tânia Lopes, Celso Gutfreind, Juremir Machado da Silva, Vitor Biasoli, Humberto
Zanatta e Ricardo Seitenfus. Apresentaram-se grupos de dança, música e teatro,
e exposições foram organizadas. Tomou então a denominação de 23ª Feira do Livro
Segundo
Télcio Brezolin, gerente da CESMA, a comissão organizadora de então numerou a
edição de 1995 a partir da I Feira Universitária do Livro, em 1973, computando
os anos decorridos, inclusive aqueles em que o evento não se realizou. Por
coincidência, a feira de 1995 era a também 23ª considerando todas as que foram realizadas,
desde a primeira edição, em 1962.
Assim, desde
o início, houve 12 anos, em diferentes épocas, em que a cidade não
teve feira do livro. Mas é justo e necessário que se contemple todas as feiras aqui
realizadas, quaisquer que tenham sido suas denominações e seus promotores, o que numera a edição
de 2014 como a 41ª Feira do Livro de Santa Maria.
Marca
Em 1998, a Feira adotou sua marca permanente de apropriada significação. De linhas singelas como devem ser os símbolos visuais, a marca mostra um livro aberto composto por figuras de pássaros em voo. A leitura literária, assim com a histórica, científica ou informativa é um meio de o leitor alçar voos, percebendo novas realidades, ampliando o conhecimento. Contribui para o seu crescimento cultural e promove suas ações positivas e críticas na sociedade.
A marca da Feira foi uma inspirada criação da designer Creici Redin Brixner, quando aluna/orientanda do Prof. Máucio Rodrigues, na disciplina de Projeto de Identidade Visual do Curso de Desenho Industrial/UFSM, que tantas e qualificadas contribuições tem dado a instituições locais.Em 1998, a Feira adotou sua marca permanente de apropriada significação. De linhas singelas como devem ser os símbolos visuais, a marca mostra um livro aberto composto por figuras de pássaros em voo. A leitura literária, assim com a histórica, científica ou informativa é um meio de o leitor alçar voos, percebendo novas realidades, ampliando o conhecimento. Contribui para o seu crescimento cultural e promove suas ações positivas e críticas na sociedade.
Homenageados da edição 2014
A Comissão Organizadora da Feira prestou
homenagem póstuma ao poeta Antonio Carlos Machado, laureado autor de textos em
verso de premiadas músicas gaúchas.
A educadora homenageada, Viviane Marconato, é professora na Escola de Ensino Fundamental Pão dos Pobres Santa Antônio e na Escola de Educação Infantil Padre Orlando. Desenvolve necessários e valiosos projetos literários com seus alunos.
Fui escolhido Patrono da Feira do Livro de Santa Maria, homenagem que considero da
maior relevância no âmbito dos eventos culturais da cidade. Expresso minha mais
profunda gratidão à Comissão Organizadora da Feira, composta por representantes
da Câmara do Livro, Prefeitura Municipal (secretarias da Cultura, Educação,
Turismo e Eventos), Curso de Comunicação Social/UFSM, CESMA, UNIFRA (Cursos de Publicidade e Propaganda e de Jornalismo), 8ª Coordenadoria Regional de Educação,
SESI-RS e SESC-RS.
Sou grato aos integrantes desse qualificado
colegiado, por sua generosidade ao me atribuírem tal mérito, pelo reconhecimento ao trabalho que venho realizando sobre a história de Santa Maria e da imigração alemã, temas de minha
permanente pesquisa.
Fui e continuo sendo movido pelo desejo de
saber quem eu sou e porque estou aqui.
Sou o resultado dos feitos e fatos da vida de meus ancestrais, nos
cenários históricos do desenvolvimento da cidade, onde meus bisavós se
estabeleceram, há mais de 150 anos, na época da emancipação política.
Santa Maria é a minha cidade, onde nasceram meus avós, onde nasceram meus pais e onde eu nasci, na mesma casa onde moro, na segunda quadra da Rua Dr. Bozano, construída por meu bisavô, há 161 anos.
Santa Maria é a minha cidade, onde nasceram meus avós, onde nasceram meus pais e onde eu nasci, na mesma casa onde moro, na segunda quadra da Rua Dr. Bozano, construída por meu bisavô, há 161 anos.
A vida traçou meus caminhos, e eu andei por eles, em bons e maus momentos, mas sou grato por tudo o que vivi, pois esses caminhos, ainda que longos e tortuosos, me trouxeram à posição de Patrono da mais importante Feira do Livro do interior do Estado. Um estado que realiza, anualmente, 130 eventos literários, entre feiras, festivais e jornadas, bem à frente de São Paulo (27) e Rio (24). Isso engrandece ainda mais a Feira do Livro de Santa Maria e engrandece a mim, como santa-mariense e como patrono.
Fontes:
A Razão - Hemeroteca do Arquivo Histórico Municipal de
Santa Maria.
BARICHELLO, Eugenia Mariano da Rocha. História da Feira do Livro de Santa Maria. FACOS/UFSM, 2013.
Itaú Cultural:
http://conexoesitaucultural.org.br/wp-content/uploads/2013/08/Felipe-Lindoso_Feiras-de-Livros.pdf
BARICHELLO, Eugenia Mariano da Rocha. História da Feira do Livro de Santa Maria. FACOS/UFSM, 2013.
Itaú Cultural:
http://conexoesitaucultural.org.br/wp-content/uploads/2013/08/Felipe-Lindoso_Feiras-de-Livros.pdf
Um comentário:
Parabéns pela merecida homenagem!
abraço
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