Roth & Brenner

 

Friedrich Roth

O imigrante alemão Friedrich Roth nasceu em 17 de março de 1844, em Brücken, Principado de Birkenfeld.

Brücken é uma pequena cidade com 2.300 habitantes, no Estado da Renânia-Palatinado. Na época do nascimento de Friedrich Roth a população com era de cerca de 600 habitantes.

A região teve diferentes senhores, no decorrer do tempo. Até 1792, os duques Pfalz-Zweibrücken, um ramo da dinastia Wittelsbach. De 1792 a 1814, esteve invadida e ocupada pela França. De 1817 a 1937, como Principado de Birkenfeld, pertenceu ao Grão-Ducado de Oldenburg. Desde 1.4.1937, Landkreis Birkenfeld, hoje no Estado da Renânia-Palatinado.

No Mapa 2, em amarelo, a localização do Mapa 1

A sudeste de Brücken, distante 4 km, fica Ellweiler, pequena comunidade hoje com 300 habitantes. Dessa aldeia, em 1846, emigrou para o Brasil o adolescente Franz Karl Brenner que, em 1858, se estabeleceu com alfaiataria em Santa Maria. Quis o destino que nessa cidade sua neta Julieta se unisse por casamento, em 18.7.1917, com Alfredo Roth, 5º filho de Friedrich Roth. O avô da noiva e o pai do noivo eram oriundos de localidades distantes apenas 4 km uma da outra, Ellweiler e Brücken, no Principado de Birkenfeld.

Dois postais da atual Brücken

Emigração

Em Die Auswanderung aus dem Birkenfelder Land (MÖRSDORF 1939), são citadas seis famílias Roth que emigraram do Principado de Birkenfeld, entre 1846 e 1890, cinco delas para os EUA. A única emigrada de Brücken com destino a São Leopoldo foi a família de Peter Roth, sua esposa nascida Müller e três crianças, em 1846. Isso possibilita afirmar que se tratava da família de Friedrich Roth, então com dois anos de idade.

Assinalada em vermelho, a família emigrante.

Faltando um mês para completar 13 anos, ele recebeu, em 10 de abril de 1857, o sacramento da confirmação, no templo evangélico de Lomba Grande, então uma área colonial 13 km ao sudeste de Hamburgerberg (hoje o Bairro Hamburgo Velho), origem da atual Novo Hamburgo/RS. 

A  confirmação assegura, fortalece e confirma a graça do batismo. Meninas e meninos adolescentes das Comunidades Evangélicas de Confissão Luterana ingressam no Ensino Confirmatório no ano em que completam 12 anos. Estudam a palavra de Deus na Bíblia, no Catecismo Menor de Lutero e em apostilas denominadas Passos na Fé.

 Santa Maria 

Friedrich Roth estabeleceu-se em Santa Maria com alfaiataria na Rua do Acampamento, lado oeste, próximo à esquina com a Rua Astrogildo de Azevedo, então chamada Rua Marquês de Maricá.                    

Aos 35 anos, ele casou, em 30.8.1879, com Catharina Luise Albrecht, 24 anos, filha de Johann Jacob Albrecht, um dos fundadores, em 1857, da Colônia Alemã do Pinhal, hoje Itaara, na Serra de São Martinho, a 15 km do centro de Santa Maria. A noiva nascera em Campo Bom, em 7 de novembro de 1855.

 Albrecht nascera em 1809, na aldeia de Niederlinxweiler, próxima de Sankt Wendel, no atual Estado do Sarre (Saarland), Alemanha. Tinha 20 anos, quando chegou à Colônia Alemã de São Leopoldo, em 1829. Estabeleceu-se como curtidor, em Campo Bom, onde, aos 25 anos, casou, em 7 de setembro de 1834, com Maria Eva Müller, adolescente de 16 anos, nascida em 14 de agosto de 1818, em Ohlweiler, no Hunsrück.

 

Friedrich Roth e Catharina Luise Albrecht Roth tiveram oito filhos:

1.      Frederico Filho, nascido em 15.10.1880 e falecido em 27.11.1905. Casado com Maria Albina Freitas, sem filhos conhecidos.

2.      André, nascido em 6.2.1882 e falecido em 16.11.1927. Do casamento com a Prof.ª Marieta D’Ambrosio, nasceram 4 filhos: Maria Luiza, Aldonio, Walter e Cledi.

3.      Heracilda, nascida em 31.3.1885 e falecida em 28.7.1921. Casada com Eugenio Oliveira, tiveram um filho, Enio.

4.      Isolina, nascida em 23.10.1886 e falecida solteira em 21.2.1913.

5.      Alfredo, nascido em 13.1.1889 e falecido em 12.9.1967. Casado com Julieta Brenner, tiveram 5 filhos: Carmem, Lygia, Eloísa, Eunice e Ives.

6.      Esmeralda, nascida em 14.4.1881 e falecida em 12.7.1970. Casada com Timóteo Cidade, tiveram 11 filhos: Israel, Clóvis, Cecy, Lucy, Soely, Paulo, Laury, Flavio, Plauto, Aloisio e Maria Helena. 

7.      João Luiz, nascido em 24.5.1894 e falecido em 22.7.1969. Casado com Emilia Pereira, sem filhos.

8.      Alcides, nascido em 27.1.1899 e falecido em 21.8.1978. Casado com Elcy Corrêa, tiveram 3 filhos: Isolda, Zuleika e José Augusto.

 

Alfredo Roth

Assim como seus irmãos e irmãs, Alfredo Roth nasceu no Pinhal. Seus pais Friedrich Roth e Catharina Luise viviam em Santa Maria, mas ela procurava estar com sua mãe, na época dos partos.

Aos 28 anos, Alfredo casou, em 18 de julho de 1917, com Julieta Brenner, 20 anos, nascida em Santa Maria, em 9.5.1897. Ela era a primogênita de Júlio Brenner e de Brisabel Pereira Brenner.

Júlio Brenner nascera em Santa Maria, em 24.2.1868, filho do imigrante alemão Franz Karl Brenner e da santa-mariense Christiana Hofmeister Brenner.

Foi comerciante em Santa Maria e em São Pedro. Nessa cidade até 1908, em sociedade com João Viola. Industrialista, Júlio Brenner era associado a Leoncio Fonseca, Carlos Kroeff e Arthur Werney, sob a razão social Brenner, Fonseca & Cia., na Cervejaria Rio Branco, fabricante das cervejas marcas Rio Branco, Industrial e Central, chope e gelo.

Estava situada na esquina sudeste da Av. Rio Branco com Rua dos Andradas, estendendo-se pelas atuais instalações do CFC Ativa até onde esteve a Boate Kiss.

 

As robustas paredes da cervejaria estão expostas no Centro de Formação de Condutores

A fábrica pertencera ao alemão Friedrich Seyffarth, que instalara, anexo à cervejaria, um salão com palco para representações teatrais, o Theatro Recreio Familiar, inaugurado, em 5.2.1905. Ele foi sucedido por seu filho Gustavo Seyffarth que certamente a vendeu a Júlio Brenner e seus sócios, após 1913, pois nesse ano ainda era citada sob a razão social Gustavo Seyffarth & Cia.

Início do século XX - acervo Casa de Memória Edmundo Cardoso

Em 1921, a cervejaria foi posta à venda o que não se realizou. Em 1937, sob a denominação de Depósito Continental, de Brenner & Cia., Alfredo Roth, genro de Júlio Brenner, tornou-se sócio. Dois anos após a morte do sogro, ocorrida em 12.2.1939, Roth assumiu o depósito de bebidas e fábrica de gelo. Ives Brenner Roth, filho de Alfredo, deu sequência à empresa, em 1966, sob a razão social Ives Roth & Cia. Ltda., em associação com seus filhos, até sua extinção em 2011.

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Fontes:

Arquivo pessoal

Arquivo de José Augusto Roth

BRENNER, José Antonio. Colônia Alemã do Pinhal-Berço de Itaara. Exposição com documentos, fotos e textos: Sede campestre da Socepe, Itaara, 2004.

Casa de Memória Edmundo Cardoso – Acervo fotográfico

MÖRSDORF, Robert. Die Auwanderung aus dem Birkenfelder Land. Bonn am Rhein: Ludwig Rörscheid Verlag, 1939.

NEHRER, José. Planta da cidade de Santa Maria, 1902.