domingo, 25 de janeiro de 2015

Rio Pardo – 1957

   Nossa turma de estudantes da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, quando cursava o 4º ano, fez uma viagem de estudos a Rio Pardo, em 1957, possivelmente em setembro ou outubro. A viagem foi promovida pelo Prof. João Baptista Pianca, da disciplina de Arquitetura no Brasil, para conhecer o patrimônio edificado, notadamente a Matriz N. S.ra do Rosário e a Capela de São Francisco, além da estatuaria sacra.
Matriz N. Senhora do Rosário
   Rio Pardo é um dos mais antigos e importantes municípios da história rio-grandense, que tem suas raízes no forte Jesus, Maria e José, construído em 1752, , a fortificação mais ocidental, na chamada Guerra Guaranítica (1753-1756). Durante as invasões espanholas, a partir de 1761, o forte nunca foi derrotado, o que valeu a Rio Pardo a antonomásia Tranqueira Invicta, no sentido de trincheira jamais vencida.
   A Matriz Nossa Senhora do Rosário tem, em sua fachada, a inscrição 1801, ano de sua consagração. A construção foi iniciada em 1791 e, em 1820, ainda faltavam-lhe acabamentos, segundo Saint Hilaire. No estilo Barroco Tardio, no qual "a graciosa leveza sucedeu a pomposa opulência", a igreja tem seu projeto atribuído ao engenheiro militar português Francisco João Roscio, autor também da igreja N. S.ra da Candelária, RJ (1775) e da Matriz de Cachoeira (1793). Roscio comandou a Comissão Demarcadora de Limites entre terras de Portugal e Espanha, no final do século XVIII.
Capela de São Francisco
   A Capela de São Francisco teve sua construção iniciada em 1802, após a doação do terreno à Ordem Terceira do Seráfico São Francisco da Penitência. A edificação estava ainda incompleta, quando iniciaram os ofícios em homenagem ao orago, em 1812, suposto ano de sua inauguração.
   As imagens esculpidas em cedro, policromadas, são do século XVIII e têm origem europeia. Algumas delas representam as cinco principais estações da Via-Sacra, em tamanho natural e perfeitas linhas anatômicas. Outras imagens foram reunidas no Museu de Arte Sacra, instalado na sacristia da Capela, inaugurado em 1975.

 
Interior da Capela de São Francisco
   Audazes rapazes
   Após a visita ao pequeno templo, houve um intervalo no programa. Os estudantes dirigiram-se à Praça Pedro Alexandrino de Borba, em frente à Capela de São Francisco, e alguns deles, inclusive eu, movidos por um impulso aventureiro e transgressor, subiram no reservatório cilíndrico elevado ali existente.

Localização e fotomontagem do grupo sobre o reservatório.
   Iniciamos a subida por escada de marinheiro, na parte interna da estrutura de concreto armado. Por uma passagem interna, chegamos à laje de cobertura, a cerca de 20 metros do solo, que nos parecia muito alta. A sensação de insegurança era acentuada pelo forte vento que então soprava e pela forma da laje, em calota esférica, desprovida de guarda-corpo.
 Na cobertura do reservatório elevado, na praça em frente à Capela de São Francisco, em Rio Pardo. Desde a esquerda: José Carlos Mafessoni, Francisco Pedro Bopp Simch, Hugolino Prá, Ney Mário Mercio Carneiro e José Antonio Brenner. Atrás, Jaime Villamarin Eslava e João Paulo Umpierre Pohlmann. Mais um colega realizou a ousada escalada – o fotógrafo –, mas nenhum de nós lembra-se quem foi. Vê-se ao fundo, 350 metros a sudoeste, as torres da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário.

   Quando descemos, esperava-nos um funcionário municipal, que nos repreendeu duramente por termos cometido tamanha travessura. Velhos tempos, belos dias: tínhamos todos entre 22 e 24 anos de idade.
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José Carlos Mafessoni, catarinense, voltou ao seu Estado. Vencedor da concorrência para o projeto do estádio do Ypiranga F. C. de Erechim. Vive em Balneário Camboriú

Francisco Pedro Bopp Simch. - Titular de Pedro Simch Arquitetura e Planejamento, em Porto Alegre, com 56 anos de atividade. Atua na elaboração de projetos de Arquitetura, assistência e fiscalização de obras, com ênfase em projetos residenciais, industriais e corporativos. Especializou-se em projetos para a indústria (siderúrgica, têxtil, metalúrgica, automotiva e de refrigeração).
Tem obras premiadas, notadamente o Teatro do SESI, Medalha de Ouro na IV Bienal de Arquitetura, 1997. Vencedor do X Prêmio de Arquitetura Corporativa, em 2013.

João Paulo Umpierre Pohlmann - Curso de Urbanismo/UFRGS.
Curso de Especialização em Transportes (Escola de Engenharia/UFRGS 1966)
Mestrado em Sensoriamento Remoto, aplicado ao Planejamento Urbano/UFRGS
Na Prefeitura de Porto Alegre, iniciou na Secr. Munic. de Águas e Saneamento (atual DMAE), depois na Secr. de Obras e Viação.
Após o Curso de Urbanismo, passou à Divisão de Urbanismo, mais tarde integrada à Secr. de Planejamento Municipl-SPM.
Supervisor de Operações da Secr. Munic. de Transportes, voltando depois à SPM.
Regente da Disc. de Tráfego no Curso de Urbanismo. No Curso de Arquitetura/UFRGS, foi professor das disciplinas de Planejamento Urbano I, de Morfologia Urbana e de Paisagismo.
Coordenou vários cursos de especialização para arquitetos e engenheiros de municípios do RS.
Em seu escritório profissional, elaborou projetos de Arquitetura, de Urbanismo, bem como de Paisagismo.

Hugolino Prá - Natural da localidade mais fria do país, Urubici, em São Joaquim/SC. Fixou-se em P. Alegre onde atuou como especialista em projetos estruturais de concreto armado, na Divisão de Obras da UFRGS, e como professor da disciplina Concreto Armado, na Faculdade de Arquitetura de UFRGS. Falecido.

Ney Mário Mercio Carneiro – Há mais de 50 anos, mantém escritório de Arquitetura em sua cidade natal, Bagé, onde também é produtor rural.

Jaime Villamarin Eslava – Estudante bolsista, natural da Colômbia. Formou-se em Arquitetura na nossa turma de 1958 e retornou ao seu país.
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Fontes
Acervo pessoal
José Ernesto Wunderlich, do Centro de Cultura de Rio Pardo.


2 comentários:

juthemis disse...

Sr Brenner,

Tenho um piano Schiedmaye, letra E nº 43709. O Sr Tem uma ideia do ano de fabricação? Compramos em POA há bastante tempo. Na época, quem me vendeu me disse que tinha mais de 70 anos. É de madeira de lei e rádica, candelabros e alças laterais em bronze, muito bonito. Mas já pesquisei e não encontrei alguém que me auxiliasse no sentido de ter uma ideia de quando foi fabricado. Está comigo há mais ou menos 30 anos.
Att. Aguardo!

juthemis disse...

Retificando: piano Schiedmayer