Em 30 de junho de 1985, o Centro de Tecnologia da UFSM
completou 25 anos de fundação. Organizei, na época, uma exposição comemorativa,
no saguão de Centro de Tecnologia, com fotos, documentos e instrumentos.
A coleta de documentos e, principalmente, de fotografias exigiu uma laboriosa busca em vários
setores da Universidade.
Uma das fotos expostas tem grande valor histórico para o
Centro de Tecnologia e para a UFSM.
Não sei em que dia foi tomada, mas eu a denominei
O “Dia do sim”
No ano de 1958, o Prof. José Mariano da Rocha Filho, então
presidente da ASPES-Associação Santa-Mariense Pró-Ensino Superior,
insistentemente solicitou a Evaldo Behr a doação de uma área em Camobi para a
instalação do projeto urbanístico do Centro Politécnico de Santa Maria, origem do atual Centro de Tecnologia. Essa instituição comporia o
setor tecnológico da universidade que o Prof. Mariano sonhava criar.
Evaldo Behr, além de ele próprio, representava seu sogro, Alfredo Tonetto, seu cunhado, Arlindo Tonetto, e seu irmão Edmar Behr, todos proprietários, em área ideal, de terras em Camobi, correspondentes hoje a boa parte do campus da UFSM.
Evaldo Behr, além de ele próprio, representava seu sogro, Alfredo Tonetto, seu cunhado, Arlindo Tonetto, e seu irmão Edmar Behr, todos proprietários, em área ideal, de terras em Camobi, correspondentes hoje a boa parte do campus da UFSM.
Passado algum tempo, Evaldo Behr convenceu os demais
coproprietários a realizarem a doação. Como ele próprio me disse, em
entrevista, estava com seu irmão empreendendo loteamentos e previa que o Centro
Politécnico, na área a ser doada, resultaria em considerável valorização de suas
terras, então distantes cerca de 900 metros da rodovia, porque se tornariam lindeiras
da nova instituição de ensino superior.
O deputado federal Tarso Dutra, amigo e compadre do Prof.
Mariano, já havia obtido dotações orçamentárias para iniciar as obras do Centro
Politécnico, para o qual ainda não havia uma área e, obviamente, projeto.
Num dia de verão, entre janeiro e fevereiro de 1959, Mariano
da Rocha e Tarso Dutra visitaram Evaldo Behr em sua casa de Camobi, junto a uma
piscina comunitária. Sentados na varanda da casa, compartilhando o chimarrão,
Behr comunicou aos visitantes que ele e os demais proprietários concordavam em
fazer a doação, desde que a área fosse por ele demarcada.
Levantaram-se então, levando chaleira e cuia, e andaram
cento e poucos metros até uma posição nas proximidades do atual pórtico de entrada do
campus. Evaldo Behr descreveu então uma área, a partir daquele local, na
direção sul, em forma de “L”, que o posterior levantamento topográfico revelou
ter 36,68 hectares. O ramo maior corresponde hoje à Av. Roraima e seu entorno
de edificações, em ambos os lados.
Intrigava-me o fato de a imagem
daquele decisivo momento ter sido perpetuada em uma fotografia. Em entrevista a
mim concedida pelo Prof. Mariano, em sua residência, quando eu buscava dados
para o Histórico do Centro de Tecnologia, publicado em 1990, perguntei-lhe como
isso ocorrera. Ele disse que, por telefone, fora informado por Behr da
possibilidade da doação. Dirigiu-se então a Camobi, acompanhado de Tarso Dutra
e Bortolo Achutti, fotógrafo lotado no Curso de Medicina, então vinculado à UFRGS.
Muitas outras fotos da época,
referentes às ações da ASPES e aos cursos de Medicina e de Farmácia, devem ser de
autoria de Bortolo Achutti, sem terem o crédito registrado.
Quanto à foto do “Dia do sim” não
há dúvida, foi tirada por Achutti porque isso foi declarado pelo Prof. José
Mariano da Rocha Filho.
A foto registra o momento
histórico em que foi concedida a doação da área destinada ao Centro Politécnico
de Santa Maria, quase um ano antes de ser criada a UFSM. Com seus 36,68
hectares, foi o embrião dos cerca de 1.800 hectares do atual campus, no Bairro
Camobi.
Bortolo Achutti
Nascido em Santa Maria, RS, em 28 de outubro de 1898, Bortolo Achutti era filho de Antonio Mansur Achutti, imigrante libanês, e de Magdalena Miolo Borin, imigrante italiana.
Apaixonado pela arte e técnica fotográfica, desde muito jovem ele começou a fotografar, realizando todos os procedimentos em seu próprio laboratório, ainda na casa de seus pais.
Bortolo Achutti - Recorte de foto com a família, em meados da década de 1950. |
Bortolo Achutti foi admitido, em 11.2.1953, como laboratorista, na Faculdade de Farmácia de Santa Maria, depois lotado no Curso de Medicina de Santa Maria, ambos então vinculados à UFRGS.
Desde os primórdios da UFSM e nas ações anteriores à sua criação, exerceu atividade como fotógrafo, registrando os eventos mais importantes da instituição. Também preparou material didático como diapositivos e colaborou em trabalhos científicos com ilustrações (micrografias e fotografias).
Desde os primórdios da UFSM e nas ações anteriores à sua criação, exerceu atividade como fotógrafo, registrando os eventos mais importantes da instituição. Também preparou material didático como diapositivos e colaborou em trabalhos científicos com ilustrações (micrografias e fotografias).
Foi membro da Comissão de Publicidade e fotógrafo-chefe do Departamento de Fotografia.
No 12º aniversário da UFSM (1972), Bortolo Achutti recebeu a Medalha do Mérito Universitário, outorgada a professores e técnicos por suas contribuições à Instituição.
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Fontes:
Acervo pessoal
ACHUTTI, Aloyzio. Histórias que meu pai contava
BRENNER, José Antonio. Cursos
de Engenharia do Centro de Tecnologia – Histórico resumido, In: Revista do Centro de Tecnologia-UFSM,
vol. 13, nº 2, 1990.
http://www.cechella.com.br/luiza.htm
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