sábado, 6 de dezembro de 2014

Ennio Brenner – campeão

No ano de 1933, fatos importantes ocorreram no Avenida Tênis Clube. Houve a eleição da primeira rainha, foi composto o hino, realizado um festival beneficente e lançado o A.T.C., o primeiro jornal do clube. Na metade do ano, meu pai, Ennio Brenner, tornou-se campeão de tênis do A.T.C..
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   Meu pai, Ennio Brenner, era um apaixonado pelo tênis.
   Nascido em Santa Maria, em 18.3.1907, ele se associou ao Avenida Tênis Clube no início de 1926, quando ingressou em seu primeiro emprego, no Banco Pelotense, agência de Santa Maria.
Ennio aos 18 anos, quando
se associou ao A.T.C.
   Ainda não havia completado 19 anos, quando foi eleito 1º tesoureiro, em 14.3.1926, na diretoria sob a presidência de João Appel Lenz. Participou da gestão seguinte do clube (1927-28) como 1º secretário.
   O A.T.C. tinha sua sede na Praça do Mercado, atual Saturnino de Brito, onde Ennio encontrou Maria Luiza Brenner, sócia ateceana desde 1922, com quem se casou em 1930. Não eram parentes, ela pertencia a outra família Brenner de Santa Maria. Os genearcas de ambas as famílias vieram, em diferentes épocas, do Principado de Birkenfeld/Hunsrück. Minhas pesquisas genealógicas revelaram, porém, que houve um ancestral comum, no século XVII.


Maria Luiza Brenner, a caminho da
quadra de tênis da Villa Etelvina ~1922 
   Como a maioria das jovens ateceanas, Maria Luiza jogava por diversão, mas disputava o campeonato permanente, na 3ª divisão feminina. Jogava também na quadra de tênis da Villa Etelvina, no Pinhal (hoje Itaara), propriedade de sua tia Etelvina Brenner Ramos.

   O A.T.C. competia com clubes de várias cidades do interior, em torneios amistosos. Em 20 de setembro de 1927, quando jogou contra o Tênis Clube Santa Cruz, considerado o mais forte do interior, o A.T.C. venceu 5 dos 6 jogos disputados. Destacaram-se o então campeão Lamartine Souza  e Ennio Brenner que venceu o norte-americano Joe Harris por 6x2 e 6x3. Notícia no Diario do Interior comentou:

   Em pouco tempo, Ennio Brenner tornou-se vice-campeão ao vencer João Appel Lenz, no campeonato interno do A.T.C., em 1928.
   O jornal A.T.C., na edição nº 12, de 12.6.1934, inaugura com Ennio Brenner a seção Nossa gente... assinada por “Nícia”, um pseudônimo.
   Eis dois trechos:

   Se a cronista do tênis tivesse esperado mais um mês, poderia ter escrito que Ennio tornara-se o campeão do Avenida Tênis Clube.
  
Ennio, na inauguração do Brasil
Tênis Clube, de S. Gabriel, 23.4.1933.
Ao fundo, a Igreja S. José
 Campeão
   Foi no dia 9 de julho de 1933, um domingo invernal de frio intenso e sob gélido vento minuano, que      Ennio Brenner e Lamartine Souza enfrentaram-se no campeonato permanente, em jogo decisivo para definir a primeira posição, no ranking do A.T.C.

   O cronista que assinou “Soeu”, no Diario do Interior, destacou o jogo “entre os ‘veteranos’ Lamartine e Ennio, que terminou com a vitória deste por 6-3, 4-6 e 6-4.” 
Lamartine tinha 36 anos e jogava tênis desde o tempo em que era estudante de Medicina, em 1918, quando a quadra do A.T.C. estava na Av. Rio Branco. Ennio tinha 26 anos e começara a jogar havia sete anos.
   A seguir, o cronista descreveu “o interesse que despertou esse encontro entre os torcedores que tiveram o ensejo de apreciá-lo.”
 
   E comentou:



 No jornal A.T.C. de 25.2.1934, Lamartine Souza, em sua coluna Do tennis ..., escreve sobre  o revers ou backhand isto é, o golpe de revés. Após várias considerações técnicas, ele conclui citando Ennio Brenner e assinando “Ely Hesse”, pseudônimo que reproduzia o som de suas iniciais: L. S.

   

   1935
Ennio Brenner participou de várias diretorias do A.T.C., mas sempre recusou a presidência, quando esse cargo lhe era proposto. Seu interesse era o esporte, como atleta e como diretor esportivo, cargo que exerceu com entusiasmo e grande êxito, em várias gestões.
   Obteve marcante sucesso na abertura da temporada de tênis de 1935, o que lhe valeu, registrado em ata,  “um voto de louvor ao esforçado diretor esportivo, Sr. Ennio Brenner, pela maneira com que organizou,” salientando o registro que “ constitui uma nota inédita nos anais do tênis santa-mariense, de alguns anos para cá, a abertura da temporada de 1935.” A parte mais importante do programa foi o jogo das duplas Ennio e Flávio Paz contra Lamartine Souza e João da Costa Ribeiro, “a partida magistral que empolgou a assistência”. Venceu a dupla Ennio Brenner (28) e seu sobrinho Flavio Paz (17), chamado o “menino de ouro do tênis”, por 8x6, 3x6 e 7x5.
   Ennio Brenner e Lamartine Souza formavam uma dupla imbatível, nos torneios do interior.
Abertura da temporada do ATC, na Praça da República, em 24.3.1935.
João da Costa Ribeiro, Ennio Brenner, Flavio Paz e Lamartine Souza.
   Ennio manteve-se campeão do Avenida Tênis Clube até 1940, quando mudou-se para Santa Cruz do Sul, para assumir a gerência do Banrisul naquela cidade. Associou-se então ao Tênis Clube Santa Cruz.
   Em 26.10.1944, retornou a Santa Maria e ao Avenida Tênis Clube, participando da diretoria, principalmente como diretor esportivo, cargo que continuou a exercer mesmo após deixar o esporte, devido a uma hérnia abdominal, surgida em partida decisiva do torneio contra o Cruzeiro Tênis Clube, em Livramento. As equipes estavam empatadas e a simples entre Ennio e Joaquim Pereira de Sousa, presidente do Cruzeiro, era a última do torneio. Apesar das dores, Ennio venceu o longo jogo em 40 games, dando a vitória ao A.T.C.
   Na terça-feira seguinte, 18.5.1948, o jornal A Razão reportou que a “partida final foi a mais bela do torneio, tendo Ennio Brenner disputado uma das melhores de sua bonita carreira esportiva.” Comentou, a seguir, seu jogo admirável e um terceiro set disputado ponto a ponto, que se tornou sensacional para os torcedores. E concluiu:
Estava o Avenida Tênis Clube mais uma vez vitorioso, graças ao admirável esforço de um dos seus mais dignos defensores, Ennio Brenner, a quem novamente cabe o mérito de uma grande e vitoriosa jornada. Não fosse a excepcional resistência e sua fibra de veterano, estaríamos amargando o pó da derrota.
   Benemérito
   Aos 61 anos, afastado das lides esportivas, Ennio foi homenageado pelo Avenida Tênis Clube com o título de sócio benemérito, por resolução do Conselho Deliberativo, em 8 de janeiro de 1969, proposta pelo presidente do clube, Dr. Oyama Albuquerque de Carvalho.
   Consta no diploma que o título foi conferido "como testemunho de grande admiração de seus companheiros de Clube e pelos inestimáveis serviços prestados à Sociedade."

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Fontes:
Acervo pessoal.
Arquivo Histórico Municipal - Hemeroteca: coleções dos jornais Diario do Interior e A Razão.
Livro de atas nº 1 do A.T.C.

Um comentário:

Unknown disse...

Caro Prof. Brenner
Como é constante em seu blogue, as postagens com os resultados de sua aprofundada pesquisa sobre o ATC sempre revelam inúmeras informações valiosas e originais. Meus cumprimentos.
Valter