domingo, 16 de dezembro de 2012

Os 185 anos da chegada dos Weber

   A família Weber do meu trisavô paterno chegou à Colônia Alemã de São Leopoldo há 185 anos, no dia 16 de dezembro de 1827. Era composta por Johann Lüdger Weber, padeiro, evangélico, sua esposa, Anna Maria Wittmann, católica, e quatro filhos pequenos.
   Stromberg
   Eram todos naturais da aldeia de Stromberg, no Hunsrück, 10 km a oeste do histórico porto de Bingen sobre o Reno, muito movimentado, desde o tempo dos romanos. Stromberg foi citada pela primeira vez em documento, no ano de 1344, mas teve início muito antes, ao pé do Stromburg, um castelo do século X, demolido pelo Arcebispo de Mainz, em 1116. Foi depois reconstruído, tornando-se a morada do audaz cavaleiro Hans Michael Elias von Obentraut (1574-1625). Hoje transformado em hotel, Stromburg é um dos principais endereços da gastronomia, na Alemanha.
No nordeste da Região do Hunsrück, Stromberg é próxima do porto de Bingen o que reforça a suposição da viagem pelo Reno até Amsterdã, com embarque no veleiro holandês Epaminondas.
   Em Stromberg, ainda hoje uma pequena cidade de 3.200 habitantes, são extraídos a céu aberto os minérios de ferro limonita e goetita. Stromberg e Stromburg têm seus nomes associados ao Guldenbach, um arroio torrentoso (Strom) que se precipita de uma altura de 160 metros num trecho de 8 quilômetros.
Parte de Stromberg, ao pé do Stromburg, um castelo medieval. À direita, a Talstrasse, Rua do Vale, no centro histórico.
   Emigração
   Pode-se imaginar a dramática situação em que Weber se encontrava para arrojar-se à longa, penosa e perigosa viagem, com a esposa em avançado estado de gravidez e três crianças, entre 3 e 5 anos de idade, com destino a um país desconhecido, no outro lado do grande oceano. Inicialmente, em pequeno veleiro pelo Reno, desde o porto fluvial de Bingen até Amsterdã. Depois, cruzando o Atlântico, supostamente no veleiro trimastro holandês Epaminondas (Hunsche & Astolfi 2004), que partiu de Amsterdã, em 7.7.1827, chegando ao Rio 83 dias depois, em 28.9.27. No primeiro mês dessa travessia, nasceu Jakob. Após três meses e meio, a maior parte desse tempo, certamente, alojados na Armação da Praia Grande (hoje Niterói), partiram para o Sul no bergantim costeiro Conceição Imperador, em 12.12.27.
   Imigração
  Quando chegaram à Colônia Alemã de São Leopoldo, em 16 de dezembro de 1827, Johann Lüdger Weber tinha 35 anos, sua esposa Anna Maria Wittmann, 26 anos. E os filhos Johann Ludwig, 5 anos; Andreas, 4; Clara, 3 e Jakob, cerca de cinco meses. Integravam a mais numerosa leva dos primeiros sete anos da imigração alemã, 559 pessoas transportadas em dois barcos costeiros.
  Weber instalou-se como padeiro na então nascente povoação de São Leopoldo, iniciada pelos colonos.  Em 1829, ali nasceu João Weber, o último filho do casal imigrante.
  Johann Lüdger Weber morreu afogado em São Leopoldo, com 39 anos, em 28.1.1832, deixando cinco filhos menores, entre 2 e 9 anos e a jovem viúva Anna Maria, com 30 anos, que dois anos depois casou com o padeiro Georg Haas.
  O nome do genearca foi escrito de forma variada, nos registros católicos em Santa Maria e São Leopoldo, referentes a batismos de seus netos e ao casamento de seu filho Andreas: João Lauderio Weber, João Eleutherio Weber, João Lotarius Weber, tentativas de traduzir o segundo prenome. Em sua única assinatura conhecida ele escreveu Littger em vez de Lüdger. Ambas as formas são encontradas na Alemanha, o que traz dúvida sobre o verdadeiro nome de Weber.
Assinatura na antiga escrita alemã, no registro de casamento em Stromberg, em 5.5.1821. Weber assinou Littger em vez de Lüdger, citado no documento.
Juliana Katharina Bohrer Weber, aos 78 anos, em
casa de seu genro Pedro Balduino Brenner.
    Os irmãos Andreas (André), Jakob e João Weber estabeleceram-se em Santa Maria, em diferentes datas.  André Weber trabalhava como viajante comercial, chamado na colônia de Musterreiter. Viveu em Santa Maria até sua morte, em 8.8.1866, com 42 anos de idade, deixando viúva sua mulher, Catarina Hoehr Weber.
   Jakob Weber, após o falecimento de sua primeira esposa, Joana Bopp, casou, em 19.5.1859, com Juliana Katharina Bohrer, nascida em Lomba Grande, em 30.6.1838, filha do casal de imigrantes Friedrich Bohrer e Anna Maria Engers.
   Logo após o casamento, o casal mudou-se para Santa Maria, onde Jakob estabeleceu-se com selaria. Alguns anos depois, em 1866, Jakob Weber foi um dos fundadores da Comunidade Evangélica Alemã. O casal teve oito filhos: Anna Sofia, Christiana, Alberto, Lindolfo, Elíbio, Carlos, Júlia, Luiz e Maria Paulina. Júlia, chamada Julinha, casou com Pedro Balduíno Brenner, meus avós paternos.
   O irmão mais moço, João Weber, casou em Santa Maria, em 9.9.1858, com Joanna Sophia Niederauer, irmã do heroico Cel. Niederauer.


Um comentário:

Ademar Fey disse...

Prezado Prof. José Antônio Brenner,
estou pesquisando a leva de 1827 em que os weber estavam presentes.
Tens alguma ideia se a viúva Maria Catharina Weber (nascida jacoby) era parente do Johann Lüdge Weber? Estavam na mesma leva. Fico ao dispor (ademar.fey@gmail.com).