No
ano de 1933, fatos importantes ocorreram no Avenida Tênis Clube. Houve a
eleição da primeira rainha, foi composto o hino, realizado um festival
beneficente e lançado o A.T.C., o primeiro
jornal do clube. Na metade do ano, meu pai, Ennio Brenner, tornou-se campeão.
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Em 15.9.1931, o Avenida Tênis
Clube (ATC) realizou um festival beneficente, no Coliseu Santamariense, que ficou
lotado. As atas não revelam o motivo, sequer mencionam a realização do festival,
mas pode ter sido para cobrir despesas decorrentes das novas instalações da
sede, na Praça da República, inauguradas em 21.6.1931.
Festival de 1933
Dois anos depois, um novo
festival, inicialmente projetado para homenagear a rainha do ATC, solenizando
sua coroação, tornou-se um variado espetáculo de artes cênicas, em benefício do
clube, realizado no Cine-Theatro Independência.
Apresentações artísticas com o
objetivo de angariar fundos para as sociedades locais haviam sido frequentes em
passado recente. Na expectativa da realização do festival do Avenida Tênis
Clube, um cronista escreveu, sob o pseudônimo “Joá”, no Diario do Interior, em 4.7.1933:
Não vão longe os tempos em que todos quantos em Santa
Maria apreciavam os espetáculos de arte, fartavam-se de prazer, assistindo as
magníficas soirées artísticas, organizadas em beneficio de nossas sociedades
[...]. Aqueles espetáculos ganharam fama, e as enchentes e os aplausos gerais
premiavam os esforços [...]. Depois, somente de longe em longe nos foi dado
rever na ribalta os destacados elementos do mundo artísticos desta terra.
O cronista prosseguiu afirmando
sua confiança de que a festa de arte do Avenida Tênis Clube ofereceria a
oportunidade de apreciar as inteligências moças que surgiram e brilhavam no
meio artístico santa-mariense. Atores, autores e diretores poderiam revelar seus
admiráveis dotes.
Em 10 de maio, outro cronista
escrevera que “para a respectiva entronização, está projetado um programa
extraordinário, ao qual a diretoria do Avenida pretende dar um caráter de –
reinado de verdade – solenizando-o, de maneira invulgar.”
Francisca de Campos Souza, "Dona Chiquinha", esposa do Dr. Lamartine, foi organizadora do Festival. |
Naquele mês, foi criada uma
comissão organizadora de várias pessoas que, entretanto, ficou reduzida a um
número pequeno de senhoras ateceanas. Logo começaram, na sede do A.T.C. e no
Clube Comercial os ensaios de danças clássicas e modernas, dirigidos por Renée
Gauer, jovem professora de ginástica corretiva e rítmica.
Era noticiada a participação dos
elementos mais representativos do mundo artístico local: Norma Seibel, violinista;
Clelia Filizzola, soprano; Hertha Puhlmannm pianista; Garibaldi
Poggetti, violoncelista e outras tantas figuras representativas do nosso escol
artistico. A notícia antecipava que a primeiro ato seria composto de
solos de violino, violoncelo, canto, dança, declamação e do consagrado coro a quatro
vozes “Friedemann Bach”, sob a regência do Maestro Garibaldi Poggetti, que havia
alcançado grande sucesso nos concertos realizados. Destacava o segundo ato,
quando seria encenada “Barafunda”, uma
revista de costumes locais, escrita especialmente para o festival por Lamartine
Souza, citado como “um dos mais abnegados atecianos e elemento de maior cultura
desta cidade”.
A festa cênica era chamada
Festival do Tênis ou Festival da Rainha. Três semanas antes do espetáculo,
Alcyr Pimentel, sob o pseudônimo de “Marrecão”, finalizava sua crônica
exaltando os dotes de Norma Seibel, a rainha a ser coroada.
Finalmente, na noite de
terça-feira, 4.7.1933, o público lotou o Cine-Theatro Independência, com capacidade para 2.000 pessoas.
Na dança intitulada “No Templo
das Três Graças”, tomaram parte Águeda Brazzale, Clelia Nieves, Amélia Pereira,
Norma Saldanha, Mary Monteiro, Lourdes Crossetti, Hilda Soares, Emília Benaduce
e as meninas Berenice Souza, Caster Belém, Lise Lenz, Leda Martins, Maria
Bastide, Maria Souto e Therezinha Fernandes.
Publicado cinco vezes no Diario do Interior, em 4.7.1933 |
Após a coroação, Norma Seibel
trocou o vestido branco de rainha por um longo azul e executou uma peça ao
violino, instrumento de que era exímia professora.
Fechando a linda festa de arte,
os tenistas cantaram, em coro, o hino do valoroso Avenida Tênis Clube.
Norma Seibel, portando a coroa fabricada pela Escola de Artes e Ofícios Foto de Venancio Schleiniger |
Em 7.7.1933, o Diario do Interior anuncia a reprise do Festival. |
Na sessão de diretoria do dia 15
de julho de 1933, foi deliberado um voto de louvor pela organização do Festival
e registrado o benefício para o clube que, “não obstante a avultada despesa,” resultou
a renda líquida de R$1:800$000
O Diario do Interior, edição de 7.7.1933, reconhece o trabalho da comissão organizadora do Festival. |
Fontes:
Acervo pessoal.
Acervo de Norma Seibel de Oliveira.
Arquivo Histórico Municipal de S. Maria - Hemeroteca
Livro nº 1 de atas do Avenida Tênis Clube.
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