O mais
antigo quartel do Exército, em Santa Maria, o quartel-general da 6ª Brigada de
Infantaria Blindada, a “Brigada Niederauer”, completa cem anos de inauguração
neste dia 21 de abril de 2013.
Foi construído em decorrência
da reorganização do Exército, para o aquartelamento do 7º Regimento de
Infantaria, criado por essa mesma ação.
O quartel construído para o 7º Regimento de Infantaria, hoje da 6ª Brigada de Infantaria Blindada, ostenta na fachada o nome de seu patrono. |
Terreno – Uma grande área, no fim da
Rua do Comércio, atual Dr. Bozano, foi doada pelo Município, na gestão do
intendente Ramiro de Oliveira (1908-1912). A acentuada elevação naquele ponto, conhecida
como “alto da coxilha”, não favorecia o prolongamento da Rua do Comércio, já
bastante edificada no último quarteirão.
Confrontava com a Rua da Caturrita, assim chamada porque demandava a um
subúrbio com esse nome, hoje bairro da cidade. Em abril de
1913, a Rua da Caturrita passou a chamar-se Av. Borges de Medeiros.
Cel. Augusto Maria Sisson |
O projeto – Foi elaborado pela Comissão
Construtora de Quartéis, sob direção do engenheiro militar coronel Augusto Maria Sisson. O projeto foi aprovado pelo governo, que o definiu como modelo para outros quartéis a serem construídos na Região Militar.
O edifício principal caracteriza-se por um Ecletismo tipológico,
composto por elementos que orientam o estilo quanto à finalidade e que o
identificam como construção militar. A
solução simétrica enfatiza o centro de equilíbrio, onde há dois pavimentos,
tendo no superior as salas do comando.
As platibandas têm ameias imitando os parapeitos de fortalezas e nos
cunhais há miniaturas de torreões ameados, elementos que atribuem à edificação um
explícito caráter castrense.
O projeto da fachada foi publicado no Diario do Interior, em 22.4.1913. |
A construção – Foi dirigida pelo engenheiro militar Oscar
Barcellos, com reconhecida experiência em outras obras militares, no Rio e em
São Paulo.
Na cidade, com pouco mais de 10 mil habitantes, não havia saneamento
básico, e o transporte de carga era feito por carros de bois ou carroças, o que
resultaria em grande morosidade. Então Barcellos construiu um grande açude,
arrendou uma olaria, ampliando-a em área física, fornos e máquinas, e construiu
ramais ferroviários ligando a obra à Viação Férrea e à olaria.
Iniciou a terraplenagem, em dezembro de 1910, e as fundações em meados
de 1911, quando chegou ao canteiro de obras o primeiro trem de nove vagões
carregados de blocos de pedra, extraídos e aparelhados na Parada Pedreira, no km
8 na Linha da Serra.
Nas coberturas foram usadas placas de cimento-amianto imitando ardósia.
As telhas desse novo material, inventado em 1895, foram importadas da Europa, provavelmente da
fábrica Eternit, na Bélgica
Foto de Venâncio Schleiniger, em 1913, mostra a cobertura de cimento-amianto. |
A estrutura de aço das coberturas foi fabricada na Alemanha pela
afamada indústria Krupp. No edifício principal foram usados ladrilhos
hidráulicos importados da Bélgica. No átrio, foi instalado um lustre da famosa
fábrica de luminárias Holophane, fundada em Londres, em 1898. Também foram importados da Europa aparelhos
sanitários, divisões metálicas para as baias, grades, caixa d’água e cimento. A escada para o pavimento do comando, fabricada em louro pela empresa local Denovaro & Plasencia, tem corrimão com tendência Art Nouveau.
Ladrilhos belgas - Lustre Holophane - Escada Art Nouveau |
Inauguração
Oscar Barcellos entregou a chave do quartel
ao General Julio Barboza, em 4 de abril de 1913 e, no dia seguinte, o 7º
Regimento que esteve alojado em barracas e aquartelado na Brigada Militar, transferiu-se
para seu novo quartel.
A inauguração ocorreu em 21 de abril de 1913, iniciada á tarde com os
festejos realizados pelos inferiores e praças do 7º Regimento.
Às 21 horas teve lugar a cerimônia inaugural, com a presença dos generais comandantes da Região Militar e da 3ª
Brigada Estratégica, do comandante do 7º Regimento de Infantaria, dos
engenheiros militares, o coronel Augusto Maria Sisson e o major Oscar Barcellos
– que foram homenageados –, a oficialidade e muitas pessoas da sociedade
santa-mariense. Foram servidos champanha e finos doces, enquanto teve lugar um animado baile, nos salões da
administração, ao som da banda de música do 7º Regimento.
No ato da inauguração, a cidade expressou seu reconhecimento em bronze. |
O 7º R. I. esteve muito ligado à história de
Santa Maria, durante os 95 anos em que permaneceu na cidade, inclusive com
outras denominações. Sua banda de música, formada em 1909 com 34 músicos, hoje
a mais que centenária banda da 3ª Divisão de Exército, participava de eventos
sociais, esportivos, recepções na gare da ferrovia e até de cortejos fúnebres
de algumas personalidades. Até hoje, muitos santa-marienses, quando se referem
ao antigo e valioso quartel, ainda o chamam de “O Sétimo”. Desde a construção e até a segunda metade do século passado, uma faixa em alto-relevo, na fachada, continha a inscrição "Quartel do 7º Regimento de Infantaria", depois reduzido para "7º R I".
6ª
Brigada de Infantaria Blindada – Brigada Niederauer
Em 1987, o quartel tornou-se o Comando da 6ª
Brigada de Infantaria Blindada que, em 1992, recebeu a denominação histórica de
“Brigada Niederauer” e o respectivo estandarte histórico. Assim, o Exército prestou
a devida homenagem à memória do heróico João Niederauer Sobrinho, personalidade
maior da história militar regional
A 6ª Brigada de Infantaria Blindada valorizou
sua identidade, reverenciando dignamente nosso herói de guerra e ilustre
cidadão. O nome do patrono é ostentado na fachada do seu quartel, patrimônio
arquitetônico e referência marcante na paisagem urbana e na história da cidade,
por isso merecedor de conservação e proteção por tombamento.
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No jornal A Razão, Santa Maria, na edição deste fim de semana, 20/21.4.2013, publico artigo com mais detalhes referente a esse tema.
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No jornal A Razão, Santa Maria, na edição deste fim de semana, 20/21.4.2013, publico artigo com mais detalhes referente a esse tema.
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Fontes
Fontes
Arquivo Histórico Municipal
de S. Maria:
A Tribuna, Santa
Maria, edições 28.4.1909, 1.5.1909 e 11.8.1909
Diario do Interior, Santa Maria, edições 11.8.1911, 25.3.1913 22.4.1913
BINATO de Almeida, Luiz Gonzaga
e BRENNER, José Antonio. Arquitetura em Santa Maria: um roteiro, Santa Maria-Cidade Cultura, Conselho
Municipal de Cultura, Pallotti, 2003.
BRENNER, José Antonio.
Brigada Niederauer, Diário de Santa Maria,
22/23.1.2011.
Ordem do dia do Com. do 7º
Regim. De Infantaria, 30.4.1909.
Ordem do dia do Com. da 3ª
Brigada Estratégica, 26.7.1911.
http://familiasisson.wordpress.com/biografias/membros-de-destaque/ http://www.eternit.com.br/institucional/historia/?
4 comentários:
Parabéns professor! Sempre brilhante; nos mínimos, mas sempre relevantes, detalhes.
Parabéns professor! Sempre brilhante; nos mínimos, mas sempre relevantes, detalhes.
O senhor possui maiores informações sobre a participação do 7º RI na Revolução de 1930? Mais explicitamente no Combate de Quatiguá? bondarik@utfpr.edu.br
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