domingo, 11 de novembro de 2012

A.T.C. – Presidentes esquecidos (2)


Na série de artigos sobre ex-presidentes do Avenida Tênis Clube ausentes na galeria de fotos, abordo hoje
   Oswaldo Cordeiro de Farias
   Nascido em Jaguarão, em 16.8.1901, Oswaldo Cordeiro de Farias cursou a Escola Militar do Realengo/RJ, sendo declarado oficial de artilharia, em 1919.
   Participou da conspiração que precedeu o levante armado de julho de 1922 contra o governo federal, dando início às revoltas tenentistas.
   Santa Maria
   Após três meses de prisão, foi transferido para Santa Maria. Como faziam vários oficiais do exército, transferidos para a cidade, o tenente Cordeiro de Farias associou-se ao Avenida Tênis Clube.
   Iniciou sua participação nas diretorias do clube, quando foi eleito orador, em 15.3.1923, na gestão do eng. Antonio Azevedo, gerente da seção estadual da Cia. Construtora de Santos.
   Na assembleia de 12.8.1923, Cordeiro de Farias foi aclamado vice-presidente, no lugar da jovem Dinah Oliveira, impedida de exercer esse cargo, de acordo com os novos estatutos, por ser menor de 21 anos.
   Na ausência do eng. Azevedo, ele foi presidente em exercício por meses, quando atuou intensamente na construção da nova sede, na Praça do Mercado (Saturnino de Brito).
   Na sessão extraordinária de inauguração, em 15.12.1923, coube ao jovem oficial o ato formal de entrega das nova instalações do Avenida Tênis Clube ao quadro social e à cidade.
   Presidente
   Na assembleia de 19.3.24, Cordeiro de Farias, então com 22 anos de idade, foi eleito presidente do Avenida Tênis Clube.
Assinatura em ata do A.T.C. revela que
o nome era escrito com "w".
   Foi no A.T.C. que ele conheceu Avany de Barcellos, com quem casou, anos depois.      Avany era filha do eng. militar Cel. Oscar Barcellos, chefe da comissão de construção de quartéis. A família mudara-se para Santa Maria, em 1921, e em novembro daquele ano, Avany foi citada entre as jovens tenistas que frequentavam as duas quadras do clube, na Praça da República. Oscar Barcellos logo se tornou inspetor geral da Cia. Construtora de Santos, a maior do país, com muitas obras militares no Estado e escritório central em Santa Maria. Essa empresa atuou consideravelmente na construção da nova sede do A.T.C. e, na gestão de Cordeiro de Farias, ela perdoou uma dívida de mais de quatro contos de réis, referente às obras.
   Em agosto de 1924 o presidente Cordeiro ausentara-se por tempo indeterminado e passara o comando do clube ao vice-presidente, o comerciante Joaquim Junqueira Rocha.
No dia 5.10.1924, estando na cidade por poucos dias, foi homenageado pelo clube, com a manifestação de que pudesse logo reassumir a presidência.
Ten. Cordeiro de Farias à
época da Coluna Prestes
   Revolucionário
   Não pôde voltar à presidência do clube, pois naquele mesmo mês Cordeiro de Farias participou do levante tenentista deflagrado em Uruguaiana, exilando-se na Argentina, em novembro.
Logo se juntou aos demais contingentes rebeldes do Estado, reunidos sob a liderança de Luiz Carlos Prestes. Em 1925, os rebeldes gaúchos se juntaram aos remanescentes do levante de julho, em São Paulo, formando a Coluna Prestes, na qual Cordeiro teve atuação relevante, comandando um dos seus quatro destacamentos.

Em 1928, no Rio de Janeiro.
Tempos turbulentos de pré-revolução.
   
   A Coluna Prestes era um forte movimento tenentista contrário ao sistema das oligarquias e ao presidente Arthur Bernardes, lutando para destituí-lo e reformar a ordem social e econômica do país. Após longa marcha por vários estados, terminou em fevereiro de 1927, com vários líderes se exilando na Bolívia, inclusive Cordeiro de Farias. 
   Absolvido, participou de Revolução de 1930 e assumiu importantes cargos na Era Vargas. 
   
   
   
   Interventor
Oswaldo Cordeiro de Farias,
Interventor Federal no R.G.S.
   No Estado Novo, foi nomeado Interventor Federal no R.G.S., em 1938, quando esteve em Santa Maria, na Exposição Estadual daquele ano. Em seu discurso, lembrou a hospitalidade sem limites que aqui recebera, quando jovem tenente, onde conhecera “a companheira que tem sido o ponto de apoio nos dias de derrota e nos dias de sucesso.” Aqui ele vivera “os mais belos dias, sonhando com a Redenção do Brasil.” Citando as amizades aqui estabelecidas, destacou o joalheiro João Péreyron, seu consócio no Avenida Tênis Clube, que lhe garantira a sobrevivência, enviando-lhe recursos financeiros, no desterro boliviano. 
 
Avany de Barcellos Cordeiro de Farias,
quando primeira-dama do Estado.
 Promovido a general de brigada, em 1942, deixou a interventoria gaúcha, no ano seguinte, para se integrar na Força Expedicionária Brasileira, na 2ª Guerra, quando comandou a Artilharia da FEB, na Itália.
   Em 1945, em oposição a Vargas, articulou sua deposição.
Em 1954, foi eleito Governador de Pernambuco.
   Foi Ministro no governo de Castelo Branco, demitindo-se em 1966, por discordar da candidatura de Costa e Silva. Depois, opôs-se ao Ato Institucional nº 5 (AI-5) e defendeu ativamente a distensão política, deixando em seguida a vida pública.
   Oswaldo Cordeiro de Farias teve curto mandato no Avenida Tênis Clube, mas atuou intensamente em sua gestão, como também na anterior, como vice-presidente no exercício da presidência.

Um comentário:

Lobato disse...

Parabéns, mais uma vez, pelo belo resgate de nossa história.