Franz Karl Brenner, meu bisavô materno, nasceu em 17
de setembro de 1831, em Ellweiler, uma aldeia no Principado de Birkenfeld/Hunsrück.
Tinha 14 anos quando emigrou para o Brasil, junto com seu irmão Johann Jakob e
suas irmãs Anna Philippina, e Catharina, casada com Jakob Cullmann.
Franz Karl já adotara somente o prenome Karl, em sua
terra natal, conforme assinou na Bíblia que recebera no ato de sua confirmação, em 1845.
Ele ficou pouco mais de dois anos em São Leopoldo , junto à
família da irmã Catharina. Em 1849, aos 18 anos, já residia em Porto Alegre , como aprendiz de um alfaiate, na Rua da Praia. Nove anos depois, em 1858,
mudou-se para Santa Maria.
Franz Karl Brenner |
Karl Brenner tinha 27 anos, quando chegou à vila
santa-mariense, então com 2.900 habitantes, na área urbana, recém-emancipada de Cachoeira. Estabeleceu-se
como alfaiate, profissão importante na época, que lhe garantiu prosperidade em alguns
anos de trabalho. Passou a ser chamado Carlos Brenner. Segundo Astrogildo de
Azevedo,[1]
ele “era estimado de todos, exerceu por muitos anos a profissão de alfaiate,
que lhe proporcionou velhice abastada”.
Tornou-se amigo do alemão Peter Cassel, seu colega
de profissão, 24 anos mais velho. Cassel era um dos principais líderes dos alemães
evangélicos locais, que então se organizavam para fundar sua comunidade. Ele
era padrinho de batismo de Christiana Hoffmeister, nascida na vila, filha do
ferreiro alemão Mathias Hoffmeister, depois conhecido como Matheus. A ferraria ficava na Rua Pacífica, atual 2ª Quadra da Dr. Bozano, mais ou menos onde hoje está a Casa Eny.
Casamento, em 10 de setembro de 1861
Assim, Carlos Brenner conheceu Christiana e, três
anos após sua chegada a Santa Maria, faltando uma semana para completar 30
anos, ela casou com a jovem, então uma adolescente de 17 anos.
1ª Igreja catélica de S. Maria. Des. de autor desconhecido |
A Comunidade Evangélica Alemã de Santa Maria somente
foi fundada em 1866, por isso Christiana, de família luterana, fora batizada
católica. Assim, na falta da igreja dos noivos, o casamento foi celebrado, em
10 de setembro de 1861, uma terça-feira, na primitiva e singela igreja católica
de Santa Maria, situada no local correspondente hoje à extremidade sul do
canteiro central da Avenida Rio Branco, onde está o monumento ao Cel.
Niederauer.
Ficava de frente para um terreiro cheio de barrancos de terra
vermelha, cobertos de macegas, chamado, na época, de Praça da da Matriz e,
desde 1883, Praça Saldanha Marinho.[1]
A pequena igreja foi demolida em 1888, porque suas paredes ameaçavam ruir.
Livro de nºs 2 e 3 de Casamenotos - Igreja Matriz de Santa Maria |
Peter Cassel, que já fora padrinho de batismo de
Christiana, foi testemunha do casamento, assim como, mais tarde, foi padrinho
de batismo de Júlio, quarto filho do casal. Também foi testemunha João Daudt, nascido
em S. Leopoldo, filho do genearca Johannes Daudt, imigrado em 1826.
Vê-se que o Vigário Antonio Gomes Coelho do Valle
admitiu a declaração do noivo de que ele era “natural e baptizado n’Alemanha”,
sem questionar a religião.
Carlos Brenner era membro contribuinte da Deutsche Evangelische Gemeinde, a
Comunidade Evangélica Alemã de Santa Maria. Em 6.8.1882, ele assinou a ata da
assembleia que elegeu Friedrich Pechmann para pastor,[1] que também foi assinada por
Matheus Hoffmeister, Supostamente, Carlos Brenner e seu sogro foram fundadores
da Comunidade.
Capela do Divino - Santa Maria |
A história oral familiar conta que, aos domingos, o casal saía da residência, na Rua do Comércio (atual Dr. Bozano), e se separava: Carlos descia a rua e ia ao culto dominical na Igreja Evangélica Alemã, inaugurada em 1873; e Christiana subia a mesma rua para assistir a missa na primitiva Igreja Matriz, até 1888, e depois na Capela do Divino, na esquina sudoeste da Av. Rio Branco com Rua dos Andradas, que serviu de Matriz por 21 anos, até a conclusão da nova igreja, a atual Catedral, em 1909.
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[1]Conforme
Livro de Registro da Eleição de Pastores do Culto Protestante, folha 29
verso, na Secretaria do Governo da Provincia,
em Porto Alegre.
- Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul.
[1]Conforme
Livro de Registro da Eleição de Pastores do Culto Protestante, folha 29
verso, na Secretaria do Governo da Provincia,
em Porto Alegre.
- Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul.
[1] Somente em
1904, praça recebeu uma calçada no perímetro, e foi inaugurada , com seu 1º
tratamento paisagístico, em 15.11.1906.
[1] AZEVEDO,
Astrogildo de. Os Allemães em Santa Maria, In: Revista Commemorativa do Centenario de Santa Maria, 1914,